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Opinião

13/04/2020

A importância de semear no limpo para reduzir a competição

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

O ditado popular “quem primeiro se estabelece leva vantagem” é muito oportuno quando queremos nos referir às relações de competição existentes entre culturas e plantas daninhas. Pois, aquela planta que emergir primeiro terá prioridade ao acesso aos recursos, principalmente água e nutrientes. No caso, se quisermos que a cultura leve vantagem, devemos fazer com que a sua emergência ocorra antes do que as espécies daninhas existentes na área.

Os efeitos negativos das plantas daninhas sobre o rendimento da cultura usualmente decrescem com o decorrer do intervalo de tempo entre emergência da cultura e das plantas daninhas. As plantas que emergirem mais tarde do que a cultura provavelmente terão menor impacto sobre o rendimento, pois grande parte da interferência ocorrerá após a determinação dos componentes do rendimento da cultura.

Um exemplo disso foi relatado para picão-preto, onde na emergência de pplanta daninha quatro dias antes da soja, houve redução de 4,9g m -2 de matéria seca para cada acréscimo unitário de planta de picão, ocasionando redução percentual total de 38% na matéria seca com o incremento da densidade de zero para 64 plantas m -2 . Para emergência simultânea da planta daninha e da soja, a redução foi de 3,8g m -2 , perfazendo perda global de 23%. Já na emergência da planta daninha quatro dias após a soja, não se observou efeito significativo de densidade, embora tivesse ocorrido redução média de 13% na produção de matéria seca com o incremento da população de picão- preto de zero para 64 plantas m -2 (Fleck et al., 2004).

Existem várias formas de propiciar a dianteira competitiva da cultura em relação às plantas daninhas, entre as quais se inclui a qualidade da semente da cultura, tanto associada a sua porcentagem de emergência, quanto ao seu vigor. É sabido que estas duas características associadas proporcionarão um elevado índice de velocidade de emergência e de cobertura do solo, fazendo com que a cultura se estabeleça antes e cubra mais rapidamente o solo.

Além da qualidade da semente outro aspecto importante se associa as condições de realização da semeadura da cultura. As condições do ambiente solo, temperatura e umidade, devem ser as ideais para que a semente depositada no solo tenha a sua emergência o mais rapidamente possível, diminuindo assim a sua exposição a fatores adversos, como patógenos por exemplo. Além disso, a profundidade de semeadura uniforme e adequada para a cultura é fundamental. Muitas vezes, por não se cuidar as condições ideais de umidade a semente é depositada muito profunda, atrasando e deixando a emergência desuniforme.

Se por um lado devemos adotar práticas que favoreçam a cultura, como visto anteriormente, por outro, temos que dificultar estabelecimento das plantas daninhas e, também eliminar aquelas plantas já emergidas, antes de se realizar a semeadura da cultura. Neste ultimo aspecto, muitos produtores tem falhado, principalmente para semeadura de culturas de cobertura, após a colheita da soja.

Como pode ser observado na Figura 1, é comum a sobra de plantas daninhas da cultura anterior ou mesmo novos fluxos de emergência após a colheita. Se estas plantas não forem controladas antes da semeadura, as mesmas se desenvolverão junto com a cobertura de inverno, o que dificultará o controle por ocasião do manejo das mesmas.

Ou seja, aquela premissa que colocamos no título “semear no limpo” é extremamente oportuna neste momento em que estamos semeando as coberturas de inverno. O agricultor deve, antes de planejar a semeadura, fazer uma vistoria na sua lavoura e observar a presença ou não de espécies daninhas. No caso de existir plantas deverá adotar o manejo químico adequado para a sua eliminação.


Figura 1 – Presença de plantas daninhas e de rebrote de plantas após a colheita da soja.
 

Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 
 

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