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Opinião

12/08/2019

Disseminação de plantas daninhas, qual a nossa responsabilidade?

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi, Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

Os relatos recentes da introdução de Amarathus hybridus (caruru-roxo; caruru-branco) no Rio Grande do Sul e nos campos gerais do Paraná, somado ao caso ocorrido início do mês de junho de 2015 no Mato Grosso com a espécie Amarathus palmeri (caruru gigante) (Circular Técnica IMA-MT, n.19. 2015), nos faz pensar sobre algumas atitudes que estão sendo adotadas no campo.

 

Estes relatos são extremamente preocupantes pelo dano potencial que estas espécies causam nas lavouras, pela dificuldade do seu controle e pela acentuada prolificidade, o que facilita a sua rápida disseminação. Cabe relembrar que estas espécies atualmente estão entre as maiores preocupações doa Agricultores dos Estados Unidos e Argentina.

 

Além do fato em si, o relato serve de alerta sobre o que realmente estamos fazendo para diminuir os riscos de entrada de novas espécies de plantas daninhas e, principalmente, quais práticas adotamos para diminuir a disseminação das plantas daninhas já presentes na área e que são de difícil controle. 

 

Sempre é bom lembrar que, após a entrada de um propágulo em uma área o mesmo pode permanecer durante vários anos como potencial infestante. Para se ter ideia, a viabilidade das sementes Amarathus palmeri é de mais de 17 anos. Ou seja, após a sua entrada, a preocupação com a mesma se dará por longo período de tempo, mesmo não ocorrendo novos ingressos de sementes.

 

A semente é o principal órgão de perpetuação, disseminação e multiplicação das espécies vegetais que se reproduzem sexualmente, sendo vital para espécies desprovidas de meios vegetativos de propagação. Isto se deve, basicamente, a duas características: capacidade de distribuir a germinação no espaço, pelos mecanismos de dispersão; e, capacidade de distribuir a germinação no tempo, através dos mecanismos de dormência.

 

As sementes de plantas daninhas são particularmente bem adaptadas para a disseminação, sendo a mesma dependente, principalmente, da estrutura e do peso das sementes e das condições ambientais do local de crescimento da planta-mãe. Quanto menor e mais leve a semente, mais facilmente ela é levada pelos agentes de disseminação.

 

Os agentes naturais de disseminação (vento, água e animais) e os agentes artificiais (homem, veículos, equipamentos e sementes cultivadas) são os principais responsáveis pela rápida e ampla disseminação dos propágulos das plantas daninhas. Neste aspecto, talvez possamos fazer muito pouco para diminuir o impacto dos agentes naturais, mas temos muito a fazer para diminuir o impacto dos agentes artificiais.

 

Assim, se observarmos a velocidade com que ocorreu a disseminação de espécies com o Azevém, a Buva e o Amargoso, todas resistentes ao glifosato, veremos que temos muito a evoluir neste aspecto.  

 

Entre as diversas práticas a serem adotadas para o manejo de plantas daninhas encontram-se algumas que podem ser facilmente adotadas pelos produtores:

- Uso de sementes da cultura de procedência conhecida e sem a presença de propágulos de infestantes; 

- Eliminação de plantas daninhas de modo a que as mesmas não interfiram negativamente com a cultura e que não produzam sementes;

- Limpeza de todos os equipamentos, principalmente colhedoras, após o uso em áreas com infestação de plantas daninhas; e

- Eliminação de toda e qualquer fonte de semente de plantas daninhas próximas às lavouras, como: beira de estradas; carreadores e bordaduras de lavouras.

 

Estas são algumas das possibilidades. Temos a certeza de que o uso destas práticas PROATIVAS reduzirão em muito a velocidade de disseminação das plantas daninhas e, também, diminuirão o impacto negativo que as mesmas causam na produtividade das culturas.
 

Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 

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