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Pesquisa

Manejo Químico

Nabo (Raphanus spp) na cultura doTrigo

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi (Universidade de Passo Fundo, RS), Eng. -Agr. Dr. Leandro Costa (IFF Campus Júlio de Castilhos, RS)

Introdução

O gênero Raphanus spp. é amplamente disseminado pelas regiões de clima temperado e subtropical do mundo. No Brasil ocorre com intensidade na Região Sul e em menor escala na região Centro Oeste. Pertence à família Brassicaceae, denominada genericamente de crucíferas, pois o arranjo das quatro pétalas de suas flores tem a disposição de uma cruz. As duas espécies de ocorrência mais comum do Brasil são: Raphanus sativus e R. raphanistrum.

Tem havido grande confusão na classificação das espécies de Raphanus, porém existem diferenças entre as duas espécies que são pontos chave para identificá- las: R. raphanistrum possui frutos com notável estrangulamento entre o alojamento das sementes; R. sativus possui frutos atenuados para a parte apical, sem estrangulamento entre o alojamento das sementes (Figura 1) (Kissmann e Groth, 1999; Theisen, 2008). A chave de identificação é bem esclarecida por Warwick & Francis (2005) onde também mostra essas características de R. raphanistrum em relação a outras espécies do mesmo gênero.


Figura 1- Raphanus raphanistrum L.: (A) forma da planta, (B) Frutos maduros e local onde rompe o segmento contendo a semente, (C) semente em forma oval, (D) forma da síliqua de Raphanus sativus, (E e F) formas da síliqua de R. raphanistrum mostrando estrangulamento entre o compartimento das sementes [Adaptado de Warwick & Francis (2005); Theisen (2008)].

Características morfológicas

Como características morfológicas principais destaca-se por ser planta herbácea, geralmente ereta, de caule ramificado, com altura variável, geralmente entre 60 a 110 cm. Durante a fase vegetativa a porção aérea do caule é pouco desenvolvida, ramificando-se intensivamente. Possui raiz pivotante e cilíndrica. Iniciada a fase reprodutiva, as ramificações alongam-se para apresentar em suas porções terminais as inflorescências. As folhas são alternadas, pecioladas e com o limbo profundamente recortado até atingir ou não à nervura. Florescência terminal do tipo cacho composto, constituído por numerosas ramificações as quais comportam grande número de flores. As flores são pedunculadas, cálice com quatro sépalas, corola com quatro pétalas amarelas ou raramente branca ou roxa, geralmente com nervuras escuras ou violáceas. Frutos do tipo síliqua e cilíndrica, com estrangulamento entre o alojamento das sementes que quando maduro se divide entre as articulações quebrando em unidades que contém as sementes. As sementes são marrom- avermelhadas em forma oval.

Nabo como planta daninha no Trigo

O Nabo uma espécic daninha extremamente bem sucedida devido às suas características que incluem: germinação sob uma ampla gama de condições ambientais, ciclo de vida altamente flexível, prolífica produção de sementes e banco de sementes de longa duração. No Sul do Brasil, esta planta daninha é infestante comum em lavouras de trigo, canola e cevada, predominando, de modo geral, nos cultivos de inverno.

Outra característica da espécie é sua elevada habilidade competitiva. Isso ocorre, principalmente, devido à maior quantidade de sementes viáveis que são formadas, infestando intensamente as culturas, especialmente cereais de inverno, como o trigo.

A capacidade competitiva de R. raphanistrum é de 5 a 10 vezes maior do que a do Lolium rigidum em relação ao Trigo (Streibig et al.,1989). Cousens et al. (2001) relataram que R. raphanistrum mostra-se mais competitivo que a cultura do trigo. Rigoli et al. (2008) ao trabalharem com trigo e R. raphanistrum em experimento substitutivo, observaram que a espécie daninha foi mais competitiva que a cultura, ocorrendo competição pelos mesmos recursos. Já Yamauti et al. (2011) observaram que plantas de Triticum turgidosecale foi mais eficiente para capturar recursos do meio que R. raphanistrum, portanto, a cultura mostrou-se melhor competidora que a planta daninha.

Outros trabalhos indicam reduções no rendimento de grãos do Trigo e dificuldades na colheita devido aos seus caules e síliquas fibrosos, que contaminam os grãos e prejudicam seu armazenamento.

Controle de Nabo na cultura do Trigo

Os herbicidas registrados para o controle de Nabo no Trigo estão listados na Tabela 1.

Tabela 1 – Herbicidas registrados para controle de Nasbo na cultura do Trigo



Entre os herbicidas mais utlizados encontram-se os inibidores da Acetolactato Sintase (ALS) como: iodosulfuron; metsdulfuron-metilico; piroxsulam e imazamoxi em Trigo Clearfield. Esse conjunto de herbicidas possibilita elevado grau de controle das duas espécies de Raphanus que ocorrem nas lavouras de Trigo.

O herbicidas inibidores da ALS são amplamente utilizados para o controle de plantas daninhas em cereais e leguminosas, bem como em pastagens. Destacam-se nesses grupos, os herbicidas do grupo das sulfoniluréias em lavouras de inverno, em especial o metsulfurom-metílico, que durante muitos anos foi amplamente usado no controle de plantas daninhas der folha larga nas culturas do trigo e cevada. Esse uso excessivo e repetido acabou por selecionar biótipos de Nabo resistentes.O herbicidas inibidores da ALS são amplamente utilizados para o controle de plantas daninhas em cereais e leguminosas, bem como em pastagens. Destacam-se nesses grupos, os herbicidas do grupo das sulfoniluréias em lavouras de inverno, em especial o metsulfurom-metílico, que durante muitos anos foi amplamente usado no controle de plantas daninhas der folha larga nas culturas do trigo e cevada. Esse uso excessivo e repetido acabou por selecionar biótipos de Nabo resistentes.

No Brasil, o primeiro caso de resistência aos inibidores de ALS, envolvendo o gênero Raphanus, foi com Raphanus sativus, documentado em 2001 (Heap, 2021). No sul do país, a pressão de seleção, causada pelo uso repetitivo dos herbicidas inibidores de ALS no controle de R. sativus, selecionou biótipos resistentes a princípios ativos, como: clorimuron-etilico, cloransulam-metil, imazetapir, metsulfuron-metilíco e nicosulfuron (Theisen, 2008).

Em 2012 foi documentada a resistência de Raphanus raphanistrum (Heap 2021). O biótipo S foi suscetível ao herbicida mesmo em doses abaixo da recomendada. O biótipo R foi insensível ao herbicida obtendo valores do fator de resistência (F) acima de 85 (Costa e Rizzardi, 2014). As curvas de dose resposta confirmaram a existência de biótipos de Raphanus raphanistrum com elevado grau de resistência ao herbicida metsulfurom-metílico.

Nas áreas com histórico de resistência aos inibidores da ALS, as alternativas princiapais de controle recaem sobre os herbicidas auxinicos (2,4-D e MCPA) e, mais recentemente, o saflufenacil.

O herbicida saflufenacil é indicado para o controle de plantas daninhas de folhas largas em pós-emergência inicial na cultura do Trigo, dentre as quais o Nabo. Maiores informações sobre o uso de saflufenacil no Trigo podem ser obtidas no link https://upherb.com.br/int/saflufenacil.

Referências bibliográficas

Costa, L.O.; Rizzardi, M.A. Resistance of Raphanus raphanistrum to the herbicide Metsulfuron- Methyl. Planta Daninha, v.32, n.1, p.181-187, 2014.

Cousens, R.; Warringa, J. W.; Cameron, J. E.; et al. Early growth and development of wild radish (Raphanus raphanistrum L.) in relation to wheat. Australian Journal of Agricultural Research, v. 52, n. 7, p. 755-769, 2001.

Heap, I. International Survey of Herbicide resistant Weeds. Disponível em: http:<//www.weedscience.org/In.asp>. Acesso em: 18 jul. 2021.

Kissmann, K.G.; Groth, D. Plantas infestantes e nocivas. Tomo II, 2 ed. São Paulo: Basf Brasileira, 1999, 978 p.

Rigoli, R. P.; Agostinetto, D.; Schaedler, C. E. et al. Habilidade competitiva relativa do trigo (Triticum aestivum) em convivência com azevém (Lolium multiflorum) ou nabo (Raphanus raphanistrum). Planta Daninha, v. 26, n. 1, p. 93-100, 2008.

Streibig, J. C.; Combellack, J. H.; Pritchard, G. H. et al. Estimation of thresholds for weed control in Australian cereals. Weed Research, v. 29, n. 2, p. 117-126, 1989.

Theisen, G. Aspectos botânicos e relato a resistência de nabo silvestre aos herbicidas inibidores de ALS. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2008, 26 p. (Documento 239).

Warwick, S. I.; Francis, A. The biology of Canadian weeds. 132. Raphanus raphanistrum. L. Canadian Journal of Plant Science, v. 85, n. 3, p. 709-733, 2005.

Yamauti, M. S.; Alves, P. L. C. A.; Carvalho, L. B. Interações competitivas de triticale (Triticum turgidosecale) e nabiça (Raphanus raphanistrum) em função da população e proporção de plantas. Planta Daninha, v. 29, n. 1, p. 129-135, 2011.
 

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