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Opinião

16/03/2020

O caruru chegou!!! E agora?

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

A dinâmica de espécies e de populações de plantas daninhas no ambiente produtivo é alterada sistematicamente a partir das práticas e estratégias de controle que adotamos nas nossas áreas de cultivo, seja pelo manejo químico ou mesmo pelos manejos mecânicos; culturais ou preventivos.

Neste aspecto, toda a vez que uma espécie nova é introduzida em uma região, ou lavoura, o primeiro impacto é mais intenso. Se for uma espécie de difícil controle impactará tanto na menor eficácia das ações de controle, pelo desconhecimento da nova espécie, quanto pelo aumento nos custos de controle e aumento nas perdas de rendimento da cultura causadas por essas infestações.

Nas duas ultimas safras, 2018/19 e 2019/20, tem-se observado a presença crescente de uma espécie que até então não se tinha relatos da sua ocorrência na agricultura brasileira, o Amaranthus hybridus syn. Quitensis (caruru-roxo) (Figura 1). Essa espécie de ocorrência comum em países como Argentina e Uruguai infesta as áreas de soja e milho dessas regiões, causando sérios prejuízos aos agricultores.

Figura 1 – Área de soja com infestação de Caruru-Roxo no Município de Almirante Tamandaré do Sul, RS, safra 2019/20. Foto: Mauro Antônio Rizzardi

As populações dessa espécie, introduzida no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, já chegou com resistência a dois mecanismos de ação: aos inibidores da EPSPS, como glifosato, e aos inibidores da Acetolactato Sintase (ALS), como imazetapir; diclosulam, entre outros. Essas resistências reduzem as alternativas químicas para o seu controle, restringindo-o a reduzidas moléculas seletivas à cultura da soja. Entre  essas, os herbicidas inibidores da Protox, como flumioxazina e sulfentrazona em pré- emergência ou fomesafen na pós-emergência da soja, e os inibidores de ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCPA), como S-metolacloro.

Considerando que essa espécie já está presente entre nós e, que a sua disseminação é bastante rápida é de se esperar que para o próximo ciclo das culturas de verão haja um amento significativo de áreas com infestação desta espécie, nas mais diferentes microrregiões dos estados do sul do Brasil.

A questão que se põe no momento é se planejar quais seriam as ações que devemos tomar para, primeiro diminuir as infestações futuras e, em um segundo momento planejar quais as estratégias de controle a serem adotadas para o próximo ciclo de cultivo das culturas de verão.

Para aquelas áreas onde estão sendo observadas plantas de caruru-roxo, e que ainda não foram colhidas deve-se adotar práticas que limitem a disseminação das sementes já produzidas e presentes nas plantas. Entre estas práticas o arranquio ou “rouguing” deve ser feito, retirando as plantas com inflorescência dessas áreas (Figura

2). Outra prática de fundamental importância é restringir ao máximo a disseminação dessa espécie pelas colhedoras. Nos casos de colheita de áreas com infestação dessa espécie, é muito mais necessária a limpeza cuidadosa e criteriosas desse maquina. Sabe-se que entre as principais formas de disseminação dessa espécie destaca-se o processo de colheita. Mais atenção ainda deve ser dada para aquelas propriedades que utilizam colhedoras terceirizadas.

Outra estratégia de manejo importante é o uso de coberturas vegetais ao longo do ano. O caruru germina em reduzida profundidade no solo, necessitando de luz para ocorrer sua germinação. Sendo assim, o estabelecimento de uma cultura de inverno que produza e disponibilize palha em quantidade elevadas na pré-semeadura da soja é fundamental.

Figura 2 – Arranquio de plantas de Caruru-Roxo, antes da produção de sementes. Fotos: Mauro Antônio Rizzardi

Como a cobertura vegetal, a adoção da rotação de culturas também auxiliará na diminuição da evolução dessa espécie. Neste sentido, a cultura do milho desempenha papel fundamental, pois para essa cultura existem herbicidas seletivos que são eficazes no controle da planta daninhas, como s-metolacloro; atrazina; mesotriona e tembotriona.

Nas áreas que já possuem relatos da ocorrência dessa espécie e nas quais se pretende semear a soja no próximo ano, os cuidados devem ser maiores, pois existe carência de produtos seletivos a cultura, para aplicações em pós-emergência. Sendo assim, é fundamental o uso de herbicidas pré-emergentes eficientes no controle dessa espécie. Porém, a que se considerar que, para o caruru, ocorre mais de um fluxo de emergência das sementes, onde somente o pré-emergente não será suficiente para o controle durante todo o ciclo, assim deve-se integrar algumas práticas, como: agregar palha no sistema; ajustar a época de semeadura da cultura a partir do conhecimento dos fluxos de emergência da planta daninha; usar herbicidas pré-emergentes eficientes e com residual longo; aplicar herbicidas em pós-emergência quando a planta daninha estiver com, no máximo 4 folhas; e, quando disponível utilizar cultivares de soja tolerante ao dicamba; 2,4-D ou glufosinato de amônio.

 
Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 

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