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Opinião

18/11/2019

Quais os danos das plantas voluntárias de milho na produtividade da soja?

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

A interferência das plantas daninhas está entre as principais responsáveis pela redução na produtividade das culturas. Em ecossistemas agrícolas, a cultura e as plantas daninhas possuem demandas por água, luz, nutrientes e CO2 e, na maioria das vezes, um ou mais desses fatores de crescimento não estão disponíveis em quantidade suficiente até mesmo para o desenvolvimento da própria cultura e, assim estabelece-se a competição. 

 

Planta daninha por definição é "toda e qualquer planta que ocorre onde não é desejada”. Sendo assim qualquer planta pode ser considerada daninha, como é o caso de plantas voluntárias de culturas remanescentes da operação de colheita e tornam-se competidoras com culturas estabelecidas na sequência.  A presença de plantas voluntárias sempre ocorreu, porém no Brasil, a intensificação no uso da terra associado ao aumento na disponibilidade de cultivares de ciclo curto das diferentes culturas possibilitou um incremento no uso de culturas em sucessão, como é o caso de soja/milho; milho/soja; algodão/soja, dentre outras sucessões.

 

A presença de milho voluntário na cultura da soja é bem comum, principalmente nas regiões em que se cultiva o milho safrinha, que hoje é a principal safra do cereal no Brasil. O controle das voluntárias torna-se mais restrito quando envolvem culturas com mesmo grau de tolerância a determinado herbicida, como é o caso da sucessão milho:soja quando ambas utilizam a tecnologia de tolerância ao glifosato.

 

As plantas voluntárias de milho são resultantes da germinação de grãos, espigas ou partes de espigas perdidas na colheita mecanizada, e podem se tornar sério problema nas culturas cultivadas em sequência. No caso da sobra de espigas, o milho germina em fluxos diferentes e contínuos, o que dificulta seu controle e afeta a intensidade da competição. O milho é uma espécie com elevada habilidade competitiva quando presente junto com à soja. 

 

Em trabalhos conduzidos na Universidade de Passo Fundo observaram-se reduções na produtividade da soja à medida que se eleva a população de plantas de milho, onde a existência de uma única planta daninha já causa redução em mais de 17% na produtividade (Tabela 1). As consequências destas perdas em produtividade se refletem negativamente na receita que o produtor obtém com a soja.



 

Diante dos efeitos negativos das plantas voluntárias, há a necessidade de se enfrentar este problema, seja pelo uso de herbicidas ou pelos cuidados no manejo e colheita do milho. Práticas de manejo da cultura, como: preparo inadequado do solo, época incorreta de semeadura, população de plantas elevadas, híbridos não adaptados e ocorrência de plantas daninhas são alguns dos fatores associados ao aumento das perdas na colheita. Porém, as principais causas se prendem às perdas ligadas a má regulagem e operação da colhedora.

 

No caso da cultura do milho, as perdas na colheita ocorrem por espigas com palha; perdas de grãos soltos ou grãos no sabugo atrás da máquina; e perdas de grãos na frente da plataforma. O tipo de perda pode estar associado à coleta do material (plataforma), ou a mecanismos internos da colhedora, relacionados ao sistema de alimentação, trilha e limpeza da máquina.

 

Mesmo que haja uma boa regulagem da colhedora, as perdas de milho podem ocorrer. Resultados de pesquisa indicam que uma perda total (espigas + grãos soltos + grãos no sabugo) de aproximadamente 4% seria aceitável para a tecnologia hoje existente nas colhedoras. Assim, se for considerada uma produtividade de 10.000 kg ha-1, as perdas chegariam a 6,6 sc ha-1 .

 

Diante deste cenário, o uso de herbicidas para o controle destas plantas voluntárias se faz necessário. Na soja, os principais herbicidas disponíveis são os graminicidas, inibidores da ACCase, como os fope (fluazifope; haloxifope; quizalofope e propaquizafope) e os dim (cletodim e setoxidim). Estes herbicidas controlam plantas de milho com menos de 6 folhas desenvolvidas. 
 

Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 

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