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Opinião

09/12/2019

Qual a época para aplicar o herbicida pós-emergente na soja?

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

A época do controle das plantas daninhas, em pós-emergência da soja, deve ser definida levando em consideração dois pontos principais: o padrão de crescimento das plantas daninhas e o estádio de desenvolvimento da cultura.

No que se refere às plantas daninhas, o primeiro aspecto a ser considerado é o estádio de desenvolvimento das espécies daninhas presentes na área. Sabe-se que a sensibilidade das plantas aos herbicidas é menor quanto mais desenvolvida for essa planta. Isso se deve, entre outros fatores, a maior quantidade de reservas presentes nas plantas mais desenvolvidas, o que permite maior capacidade de recuperação do uso do herbicida; além do aumento das barreiras foliares para absorção dos mesmos.

A escolha do herbicida também é importante, pois os mesmos são classificados, quando aplicados em pós-emergência, como sendo: herbicidas de pós-emergência inicial (plantas com no máximo 2 folhas); pós-emergência normal (plantas com 3 a 4 folhas) e pós-emergência tardia (plantas acima de 5 folhas). A maioria dos herbicidas disponíveis no mercado para uso em culturas anuais é classificada como sendo de pós-emergência inicial e normal.

Quanto ao estádio da planta daninha, é importante lembrar que as infestações ocorrem com um conjunto de espécies diferentes e, também, de plantas da mesma espécie, mas com tamanhos distintos (Figura 1). De maneira geral, o Agricultor aguarda o máximo de plantas emergidas para fazer o controle, porém é fundamental estabelecer o início do controle quando as primeiras plantas que emergiram estiverem no estádio ideal de controle para o herbicida escolhido. Caso não seja observado o estádio ideal a planta daninha sobreviverá à aplicação do herbicida.
 

Figura 1 – Plantas daninhas em diferentes estádios de desenvolvimento.
 


Uma forma de atrasar a emergência das plantas daninhas e também reduzir as diferenças no tamanho entre as plantas é o uso de palha no sistema e também o uso de herbicidas pré-emergentes. Ambas as estratégias agem por reduzir e atrasar o fluxo de emergência das plantas daninhas, o que favorece o uso dos herbicidas pós-emergentes.

Outro ponto importante é observar como estão as condições do ambiente, não só no momento da aplicação, mas também aquelas condições anteriores nas quais a planta foi submetida. Uma planta que passa por um período longo de estresse, seja por falta de água ou condições de temperatura inadequadas, terá maior dificuldade de controle pois haverá menor fluxo de absorção dos herbicida, o que diminui o grau de controle. Em relação ao estádio da cultura da soja, sabe-se que a definição do potencial de rendimento da cultura se inicia nos primeiros estádios de desenvolvimento da soja.

Portanto é fundamental que a cultura se desenvolva no limpo, sem a presença de outras espécies que possam interferir na definição deste potencial. Trabalhos de pesquisa realizados na Universidade de Passo Fundo (Figura 2) indicam que a perda de rendimento causado pela presença de plantas daninhas se torna significativa quando as mesmas estiverem presentes já a partir do estádio V 2 da soja (plantas com dois nós – Figura 3).
 

Figura 3 - Redução do rendimento de grãos da soja pela presença de plantas daninhas.
 


 

Nestes estádios iniciais de desenvolvimento da soja é improvável que os efeitos da interferência de plantas daninhas sejam associados à competição por recursos do meio, como água e nutrientes. Sendo assim, a causa mais provável desta competição está associada ao fator luz, a qual varia em quantidade e a qualidade incidente na planta.

A percepção da luz pela planta pode ser alterada pela presença de outras espécies vegetais. A relação vermelho extremo/vermelho, percebida pelos pigmentos (fitocromo; criptocromo e fitotropina) é alterada pela presença de plantas daninhas, o que induz à alterações na arquitetura da planta, como crescimento maior da haste principal; alteração na dominâcia apical e menor numero de ramificações. Estes efeitos negativos são observados quando as plantas da soja se desenvolvem na presença das plantas daninhas, o que reduz o seu rendimento de grãos.

Diante do que foi exposto, o controle de plantas daninhas na soja deve ser feito nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura e com as plantas daninhas com o menor número de folhas possível.
 

Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 

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