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Opinião

19/08/2020

Qualidade da semente da cultura e as plantas daninhas

Eng. –Agr. Dr. Mauro Antônio Rizzardi Professor da Universidade de Passo Fundo, RS

A semeadura da cultura no limpo é um dos princípios básicos para o manejo eficiente de plantas daninhas. Porém, em nada adiantará  somente semear no limpo se a cultura não conseguir se estabelecer adequadamente.

Para que a cultura se estabeleça uniforme e rapidamente na área é vital que se comece com a escolha de um cultivar adequado para região de cultivo e que se utilize sementes de qualidade.

A legislação estabelece um sistema de produção e comercialização de sementes que define regras quanto ao seu uso e à sua qualidade. Entre os parâmetros qualitativos constam critérios associados à pureza física ou genética e germinação. Outros parâmetros importantes são a sanidade e o vigor da semente. Esse último não exigido na legislação.

A pergunta que se faz é se esses parâmetros qualitativos inferem nas relações de competição entre culturas e plantas daninhas. A resposta é bastante obvia, todo e qualquer efeito negativo no estabelecimento da cultura tornará a mesma menos apta a competir com as plantas daninhas existentes ou que virão a emergir junto com a cultura.

Sementes com baixos índices de emergência ocasionarão falhas na população de plantas da cultura, deixando espaços para espécies oportunistas, como as plantas daninhas. Isso ocorre porque falhas na lavoura deixam à disposição das infestantes maior quantidade dos recursos água, nutrientes e luz.

Em muitas situações, sementes com 85 a 90% de germinação são utilizadas pelo produtor, e distribuídas em maior quantidade na semeadura, a fim de compensar os menores índices de emergência. Porém, esse aumento na quantidade de sementes não garante a substituição daquelas sementes inaptas, o que continuará originando  desuniformidade e falhas na população. Ou seja, para se conseguir a população desejada e uniforme deve-se, sempre, utilizar sementes com elevada germinação, superior a 90%.

Outro parâmetro importante é o vigor das sementes. O vigor é um indicativo dos atributos que conferem a capacidade da semente germinar, emergir e estabelecer plantas aptas a se adaptarem rápida e eficientemente sob diferentes condições ambientais.
O rápido e uniforme estabelecimento da população desejada possibilitará que a cultura ocupe o espaço existente antes de a planta daninha se estabelecer. Essa dianteira competitiva da cultura em relação às plantas daninhas diminuirá o impacto negativo da presença dessas plantas na produtividade. 

Outro benefício do uso de sementes com elevado vigor é a maior velocidade para a cultura cobrir o solo. Essa maior cobertura diminuirá a incidência de luz no solo, reduzindo, por consequência o fluxo de emergência de novas plantas daninhas na área.
Porém, de nada adiantará utilizar sementes com elevadas germinação e vigor se o lote utilizado não estiver de acordo com as exigências de pureza. No caso, estamos nos referindo a pureza física, associada à ausência de propágulos de plantas daninhas, ou mesmo sementes de outras espécies cultivadas. 

Para a pureza, a legislação indica os valores máximos permitidos de outras espécies junto com a semente. Esses valores são variáveis entre as espécies daninhas ou mesmo cultivadas e, também, de acordo com a classe da semente a ser produzida e comercializada. 

Em nossa o opinião, esses  valores deveriam ser  revistos e preferencialmente serem zerados. Ou seja, tolerância zero com as sementes de plantas daninhas. Atualmente é tolerada a existência de 1 propágulo de Buva ou de Amargoso para as classes de sementes de soja C1 e C2 e de 2 propágulos para as S1 e S2. Se considerarmos o potencial de produção de sementes tanto da Buva quanto do Amargoso, o primeiro de cultivo dessa semente já originará milhares de novos propágulos dessas espécies no banco de sementes.

Outro ponto importante associada à pureza é o risco da introdução de novas espécies daninhas na área, como o Caruru, ou de disseminar sementes de plantas daninhas resistentes aos herbicidas.

Diante disso, a semeadura de um lote de sementes livre da presença de outras espécies, e que propicie a rápida germinação, emergência e estabelecimento da cultura é de extrema importância para o manejo adequado de plantas daninhas na área.

 

Mauro Antônio Rizzardi é Engenheiro Agrônomo pela Universidade de Passo Fundo , mestre e doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor titular da Universidade de Passo Fundo. 

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