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Tecnologia de Aplicação

Uniformidade de aplicação: uma visão contemporânea

A uniformidade de aplicação tem sido um assunto deixado em segundo plano nas discussões sobre tecnologia de aplicação.

Os assuntos do momento têm sido sempre o volume de calda (ou taxa de aplicação) e a cobertura dos alvos. Apesar de estar subentendido que cobertura do alvo possui relação com a uniformidade da aplicação, elas não são a mesma coisa. Vários fatores interferem na uniformidade da aplicação, como homogeneidade da calda, oscilação de barras, deriva, ajuste da faixa efetiva de deposição (em caso de aplicações aéreas), estado de conservação dos pulverizadores, entre outros fatores. Isso acaba por prejudicar a cobertura do alvo também. 
 

O volume de calda é um fator que deve ser discutido sempre em conjunto com o tamanho das gotas que serão aplicadas, visto que é a interação entre estes dois fatores que definirá principalmente, o potencial de cobertura dos alvos. A necessidade de melhoria no desempenho operacional das aplicações de defensivos agrícolas tem pressionado os agricultores a reduzir a quantidade de água usada nos tratamentos, induzindo à uma tendência generalizada de redução dos volumes de calda nas aplicações. 
 

Observa-se na Figura 1 a evolução da média desse parâmetro entre os anos de 2008 e 2016 no estado do Mato Grosso - MT, onde houve um decréscimo de 32,5%, passando de 118,6 para 79,6 L ha-1 (CARVALHO et al., 2017). 


 

Menores volumes de calda, além de estarem associados ao uso de menores tamanhos de gotas, potencializando o risco de deriva, interferem também na qualidade das misturas em tanque (CARVALHO et al., 2017). Desta forma, o que está em risco é a uniformidade das aplicações. Se houver maior deriva e menos ingrediente ativo disponível por problemas de mistura em tanque, menor será a dose que atinge o alvo. Menores doses irão favorecer a seleção de plantas daninhas, pragas e doenças menos sensíveis. E esse cenário não aparenta ser sustentável. 
 

Sabe-se que a redução do volume de calda pode trazer vantagens, como a melhoria do desempenho de certos produtos (caso de alguns herbicidas, por exemplo), pelo efeito da maior concentração do ativo na calda. Mas é importante ressaltar, que esse processo não ocorre para todos os produtos. Muitos ingredientes ativos não se beneficiam dessa maior concentração na calda. Nas aplicações em baixo volume, também pode haver potencial de melhoria do controle fitossanitário (em alguns casos), notadamente pelo uso de gotas mais finas e pela escolha do melhor momento para aplicação. Ainda, devido à maior capacidade operacional nestas aplicações, há um potencial para a redução de custos operacionais.
 

Por outro lado, a aplicação com volumes reduzidos se torna muito mais complexa, aumentando o grau de dificuldade das operações (CARVALHO et al., 2017), podendo haver um potencial de degradação da qualidade dos depósitos (pela redução do número de gotas, maior risco de deriva, e muitas vezes pelo uso de maiores velocidades e maior oscilação das barras). As aplicações com volumes reduzidos se tornam mais dependentes das condições meteorológicas, justamente pela tendência do uso de gotas mais finas; e este processo acaba por expor o tratamento à maiores riscos de perda e deriva. 
 

É importante ressaltar que as alterações no volume de calda provocam mudanças na concentração dos seus componentes, o que pode ocasionar alterações físicas e químicas como, por exemplo, a viscosidade, a densidade e o pH. Por esta razão, quando se altera o volume é necessário que se aperfeiçoe a tecnologia de aplicação, e isso exige muito conhecimento técnico. 
 

A uniformidade, qualidade e segurança das aplicações deve ter maior importância do que o rendimento operacional. No caso do manejo da resistência, a uniformidade da dose aplicada se torna um fator preponderante na questão da qualidade das aplicações. Ou seja, aplicações com menor uniformidade da dose dos produtos no campo prejudicam a sustentabilidade do processo produtivo. Por fim, esse processo pode prejudicar a própria questão operacional do controle fitossanitário, pois, ocorrendo a seleção de indivíduos menos sensíveis, o intervalo de aplicação se tornará cada vez menor, encarecendo o tratamento fitossanitário. 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, F.K.; ANTUNIASSI, U.R.; CHECHETTO, R.G.; MOTA, A.A.B. Characteristics and challenges of pesticide spray applications in Mato Grosso, Brazil. Outlooks on Pest Management, Burckinghamshire, v.28, n.2, p.4-6, 2017. 

Autores: Rodolfo Glauber Chechetto1; Fernando Kassis Carvalho1, Alisson Augusto Barbieri Mota1 e Ulisses Rocha Antuniassi2. (1Pesquisadores da AgroEfetiva, Botucatu – SP.  2Professor Titular do Departamento de Engenharia Rural, FCA/UNESP, Botucatu – SP).

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